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(pt) Spaine, Regeneration: Não somos nada mais do que as cinzas daquele incêndio. (ca, de, en, it, tr) [traduccion automatica]
Date
Tue, 9 Sep 2025 07:44:40 +0300
As décadas pesam sobre nós como um vento frio, apagando bandeiras,
desgastando slogans e apagando sonhos. Aqueles que nos precederam na
luta pela liberdade dedicaram suas vidas a um horizonte que agora se
perde na névoa: aquele anarquismo revolucionário do início do século XX,
que outrora abalou governos e patrões, caiu, derrotado, esmagado,
exilado às margens da história. O silêncio imposto pela repressão, o
medo transmitido nos lares, as feridas abertas em gerações inteiras,
criaram um profundo abismo entre quem eles eram e quem somos.
Quando finalmente conseguimos ouvir suas vozes, encontramos apenas ecos
quebrados. Não havia mãos que nos guiassem, nem palavras que nos
moldassem, nem modelos que soubessem ensinar sem nos prender ao seu
tempo. A transmissão do conhecimento foi estilhaçada pelo fogo da
derrota, pelo aprisionamento e pela clandestinidade. E, enquanto isso,
seus inimigos aproveitaram a oportunidade para escrever nossa própria
história: falavam da anarquia como sinônimo de caos, do anarquismo como
renúncia à organização, da revolução como um jogo estéril de violência.
A imagem que nos apresentavam era a de um punk sem futuro, uma sombra
derrotada por si mesma, legitimando a violência por si só, esquecendo
que só como arma coletiva ela pode ter sentido.
Em meio a esse deserto de referências e memórias, uma geração inteira
buscou caminhos como pôde. Muitas vezes, no individualismo, na
informalidade ou simplesmente na apatia disfarçada de radicalismo. Novas
formas de fazer emergiram, ora corajosas, ora confusas, ora puramente
reativas. Anarcossindicalismo, insurrecionalismo e autonomismo ocuparam,
nas últimas décadas, o espaço central da prática anarquista. Correntes
com análises próprias, que podem nos inspirar ou nos incomodar, mas que
foram, sem dúvida, as que mantiveram acesa, por mais débil que fosse, a
chama de um sonho coletivo.
Hoje, nós, comprometidos com o anarquismo social e organizado, temos a
responsabilidade de olhar para trás com honestidade e coragem. Sem
mitificar ou menosprezar, sem esquecer que a história que herdamos
também foi construída por aqueles que trilharam esses caminhos. Somos
herdeiros de sua rebeldia e também de suas contradições. E somente a
partir dessa perspectiva clara e justa poderemos hastear a velha
bandeira negra novamente, sobre novas bases.
E assim, após anos de ardência no movimento libertário, após tantas
noites de assembleias estéreis e dias de ações sem horizonte, uma série
de perguntas incômodas e necessárias começou a emergir: O que estamos
fazendo? Por quê? A quem serve? Faz sentido? Tem impacto? Estamos
caminhando para uma revolução ou nos fechando cada vez mais em um gueto?
A autocrítica gradualmente se tornou uma ferramenta e um guia. Não como
um exercício de autoflagelação, mas como a única maneira honesta de
quebrar a inércia e retomar o rumo. Estamos emergindo agora, no século
XXI, quase do zero, com um movimento organizado fraco e disperso, com
uma memória fragmentada, mas com a vontade de reconstruir a estrutura
desse quebra-cabeça. Tendências e tradições anteriores nos deixaram um
legado de orgulho e raiva, mas também de limites. E é justo
reconhecê-lo: eles não foram capazes de construir o poder popular com
que sonhavam e, até agora, nós também não.
Neste terreno fértil de tentativa e erro, estamos erguendo um novo
movimento, mais consciente de que a liberdade não se improvisa, mas se
constrói passo a passo, organizando-se, tecendo-se e aprendendo
coletivamente. O anarquismo social e organizado se vale da força crítica
acumulada contra antigas dinâmicas: o culto à espontaneidade, a fuga à
responsabilidade, a romantização do caos. Não para menosprezar aqueles
que os seguiram — pois nós também passamos por esse processo, começamos
a caminhar naquele mundo porque era a única alternativa visível —, mas
para propor novos caminhos, sem esquecer que esses companheiros
continuam sendo agentes legítimos, interlocutores dignos de debate e
respeito.
E por que agora? Talvez porque uma nova geração se juntou ao movimento,
livre da derrota, livre dos mitos de uma resistência que nunca viu
triunfar, uma geração que ousa perguntar "Por que foi feito assim?" e
"Para quê?". Ou talvez porque muitos outros, esgotados após anos de
informalidade e estagnação, encontraram aqui, entre nós, uma esperança
renovada, uma maneira diferente de sonhar sem renunciar à realidade. Sem
medo de ser categórico, ouso dizer as duas coisas, e que na
intergeracionalidade estamos coexistindo e aprendendo juntos.
Seja como for, este é o momento em que somos chamados a ser corajosos, a
continuar construindo sem medo do passado ou das críticas. Cientes de
que o futuro também nos julgará, e que somente uma organização
sustentada pela memória e pela autocrítica pode restituir sentido à
antiga promessa revolucionária que nunca deixamos de perseguir.
É preciso falar. É preciso escrever, explicar, abrir debates,
compartilhar análises. É preciso até mesmo desafiar aqueles que, em
nossa opinião, estão freando os pequenos avanços que estamos fazendo.
Não há organização viva que não questione a si mesma e aos que a cercam,
que não aspire a aprimorar seu próprio caminho e, ao mesmo tempo, a
aprimorar os de seus colegas.
Mas falar não é inocente. A maneira como falamos também constrói e
destrói, também organiza e desorganiza.
Nossas palavras não podem ser armas para ferir ou fronteiras para
dividir. Devem ser fios que tecem, que unem, que questionam sem
humilhar, que criticam sem condenar. Porque nosso objetivo não é ter
razão contra nossos iguais, mas fortalecer nossa luta comum contra um
inimigo que não desapareceu.
Falamos para construir, para contribuir, para aprender com o processo. E
isso às vezes significa preservar nosso orgulho e lembrar que somos
todos filhos do mesmo desejo de liberdade, que todos fizemos o melhor
que podíamos com as ferramentas que tínhamos. Essa memória deve guiar
nossas palavras, para que nossa voz não ecoe o sectarismo que sempre
tentaram nos incutir, mas sim a semente de um anarquismo mais amplo,
mais justo e mais forte.
O movimento libertário é, antes de tudo, uma família ampla, cheia de
diferenças e nuances. Portanto, quando nos dirigimos aos nossos
companheiros que seguem outros caminhos, devemos lembrar quem somos e de
onde viemos. Não se trata de tratar uns aos outros como inimigos ou nos
considerarmos superiores, completos, em comparação com aqueles que
seriam "incompletos". Não somos juízes do anarquismo, nem somos nós que
podemos expulsar alguém de sua genealogia.
Porque aqueles companheiros que às vezes olhamos com frustração foram,
durante anos, aqueles que mantiveram a chama acesa quando ela parecia
extinta, que defenderam as barricadas, mesmo quando a esperança se
esvaía e a maioria já não estava mais lá. Eles conseguiram manter vivo o
nome e a dignidade do anarquismo quando quase não havia mais ninguém por
perto. Talvez não como gostaríamos hoje, mas sempre colocaram toda a sua
força, vida e ferramentas a serviço da revolução.
Nem devemos cair nas falácias propagadas pelo discurso hegemônico. Nem
todos os camaradas insurrecionistas são kostras, nem todos os camaradas
autonomistas são hippies. Todos sabemos o que queremos dizer quando
falamos nesses termos, e dentro dessas correntes, das últimas décadas
até o presente, também houve muitos camaradas críticos a elas, tentando
criar espaços fora dessas dinâmicas, baseando suas ações na teoria e na
estratégia de cada corrente. Podemos criticar essas posições, como eles
próprios o fazem, mas não podemos tomar a parte pelo todo e reproduzir a
propaganda estatal e capitalista, finamente elaborada para desmobilizar
um movimento intrinsecamente revolucionário.
Outro espelho que somos forçados a olhar é a nossa relação com o
movimento de independência popular. Para muitos novos companheiros, a
soberania popular foi e é um primeiro espaço de luta, uma escola de
organização e compromisso coletivo. Para outros, a bandeira nacional
choca-se frontalmente com o nosso internacionalismo e a nossa
desconfiança em relação às formas de dominação. Mas também aqui, devemos
lembrar que nenhuma interpretação é única ou automática, e que as
identidades coletivas são também produtos da opressão e da resistência.
É legítimo que todos analisem, raciocinem e reflitam sobre a sua
posição. Não nos cabe policiar a pureza ideológica, mas sim garantir que
o nosso horizonte permaneça a emancipação social e política, que nenhuma
nação sozinha possa superar os sistemas de opressão, nem que qualquer
internacionalismo mal compreendido possa negar as feridas e os direitos
de uma comunidade que resiste.
Quando falamos do passado, não falamos apenas de um punhado de nomes e
datas, de um catálogo de erros e acertos. Falamos de nós mesmos, da
nossa história, da nossa memória coletiva. Isso não é respeito pelos
"mais velhos", como um gesto paternalista ou cortês: é respeito pelo
caminho que eles tornaram possível, pelas barricadas que ergueram quando
a batalha parecia impossível de vencer, pela dignidade que mantiveram
mesmo na derrota.
Nós também cometemos erros — e continuaremos cometendo erros. E tenho
certeza de que, daqui a vinte anos, outros camaradas analisarão
honestamente nossos passos, apontando nossos erros com o mesmo rigor com
que hoje fazemos um balanço das décadas passadas. E o que espero deles
não é um julgamento irrestrito, mas sim um profundo respeito por aqueles
que fizeram o que podiam, como podiam, para se aproximar um pouco mais
daquele horizonte ancestral de emancipação social, política e econômica.
Às vezes caímos no presentismo com a arrogância de quem se acha mais
inteligente, de quem quer julgar o passado como se estivesse lá, sem
nunca ter estado. Esquecemos que metade dos livros que usamos para
embasar nossa teoria hoje não foram escritos naquela época. E a outra
metade chegou até nós porque alguém os resgatou do esquecimento.
Reorientemos nossa ação, nossa teoria, a partir da humildade de quem não
conhece o futuro, mas acredita nele.
É claro que devemos analisar as causas e consequências, aprender com o
que funcionou e o que não funcionou. Mas não temos o direito de julgar a
partir de uma perspectiva moralista ou superior. Porque aqueles
camaradas eram e são como nós: anarquistas, movidos pelo horizonte da
liberdade, motivados pela urgência do seu presente, cheios de dúvidas
sobre o caminho, mas determinados a caminhar. Fizeram o que o contexto
lhes permitiu, e não somos nós que os avaliamos para além do objetivo
comum que nos une.
Diferenças estratégicas ou ideológicas não podem servir de desculpa para
culpar os outros pela persistência do capitalismo. Esse é um jogo
estéril, inútil e perigoso. Às vezes, a crítica a tendências anteriores
torna-se uma nova forma de dogmatismo: um discurso que busca anular tudo
o que veio antes, como se apenas o nosso caminho fosse válido, como se a
organização social fosse a estratégia definitiva. Essa tentação deve ser
claramente apontada, porque é uma armadilha. O anarquismo nasceu e
cresceu na pluralidade, e essa pluralidade é uma das suas maiores
forças. Nenhuma corrente possui a verdade absoluta. A escolha de uma
postura ideológica — que é sempre racional e emocional, porque nós, como
pessoas, somos ambos — é legítima em qualquer caso. Cada pessoa tem a
sua análise, a sua experiência, as suas razões. Só podemos respeitar uns
aos outros, construir pontes e construir juntos caminhos que nos
aproximem o máximo possível uns dos outros, celebrando justamente as
diferenças que nos salvam do dogmatismo e do sectarismo que tanto
criticamos internamente.
Se a crítica e a autocrítica são o alimento das nossas organizações,
façamos delas também o fio que tece as nossas relações com as restantes
famílias do anarquismo. Não pode haver honestidade interna se o que
oferecemos aos nossos pares for apenas censuras ou desprezo. Pratiquemos
com a mesma constância, tanto no exterior como no interior: falemos com
sinceridade, com clareza, sim, mas também com humildade e um desejo
sincero de nos apoiarmos mutuamente. Não se trata de silenciar as
diferenças ou ignorar os erros, mas de enfrentá-los com o desejo de
contribuir, de aprender uns com os outros, de construir algo maior do
que cada um de nós conseguiria alcançar sozinho. No entanto, se
criticamos, é porque realmente nos importamos com o objeto da nossa
crítica; caso contrário, não "perderíamos" tempo com isso.
No fim, não somos nada mais do que as cinzas daquele fogo que tantos
outros acenderam antes de nós. Herdamos suas brasas, seu calor, seus
sucessos e suas feridas. Mas não é a herança que nos define: é o que
fazemos com ela. Está em nossas mãos fazer a fênix renascer do pó, alçar
voo e queimar mais alto e mais longe do que jamais foi capaz de fazer
antes. Essa é a nossa responsabilidade e também a força que nos mantém
em movimento: fazer com que a utopia volte a incendiar o céu.
Inés Kropo, ativista da Xesta
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