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(pt) Spaine, Regeneration: Entrevista com O.S.L. Cultura, história e lutas brasileiras. Segundo. (ca, de, en, it, tr)[traduccion automatica]

Date Tue, 5 Nov 2024 07:50:20 +0200


Entrevista com a Organização Socialista Libertária (OSL) do Brasil por Embat, Organització Llibertària de Catalunya ---- "ESTAMOS CONTRIBUINDO PARA CONSTRUIR UMA ALTERNATIVA SOCIALISTA E LIBERTÁRIA PARA O BRASIL" ---- PARTE 2: CULTURA, HISTÓRIA E LUTAS BRASILEIRAS - - -- Entre os protestos de 2013 e o primeiro ano da volta do PT ao governo, depois do golpe e de Bolsonaro, enquanto a CAC crescia até ruir, como você avalia esses últimos 10 anos? Que mudanças ocorreram na política e na sociedade brasileira?

Os últimos 10 anos trouxeram uma grande mudança em termos da situação política e social no Brasil. Em termos gerais, tem havido, por um lado, algumas tentativas de avançar para uma esquerda mais radicalizada, à esquerda do Partido dos Trabalhadores (PT), e também a perda de apoios e a crescente moderação do PT e do petismo (força política e social ligada ao PT). Por outro lado, houve uma radicalização considerável da direita, formando uma nova extrema direita: o bolsonarismo (uma força política e social ligada a Jair Bolsonaro).

Esse processo começou com o esgotamento dos anos de governo do PT (2003-2013), caracterizado pela conciliação de classes, quando se tornou econômica e socialmente impossível dar continuidade ao que se chamava de "jogo de todos ganham" (manter os benefícios dos que estão acima e acima). fornecer algumas melhorias para aqueles abaixo). Este esgotamento tem as suas raízes na economia internacional, quando os efeitos da crise de 2008 se espalharam pelo mundo e o boom das matérias-primas do Brasil começou a enfraquecer. E também na forma como o governo petista tratou esses efeitos: políticas econômicas, articulações políticas, imprensa, etc.

A verdade é que o período entre 2013 e 2016 foi marcado por um grande descontentamento popular e, ao mesmo tempo, por importantes mobilizações populares. Houve um número recorde de greves, aumento da organização juvenil, bem como protestos de rua, ocupações, etc. Em muitos casos, isso significou uma ascensão mais radical das lutas, que se localizaram à esquerda do PT e do PT, e conseguiram manter uma certa independência deles.

A mais importante dessas mobilizações ocorreu em junho de 2013, quando o Movimento Passe Livre (MPL) de São Paulo, de orientação ideológica autonomista/libertária, organizou protestos contra o aumento das tarifas de ônibus, metrô e trem. O movimento foi alimentado por um contexto crescente de lutas em torno do transporte, que eram promovidas em outros lugares (especialmente nas cidades de Porto Alegre, Goiânia, Natal e Rio de Janeiro). Difundiu-se e nacionalizou-se, adquiriu grande apelo popular e, em diversas circunstâncias, adquiriu certo radicalismo.

Em diferentes regiões, estas manifestações começaram a ser altamente contestadas por forças políticas muitas vezes opostas. Certamente houve a presença de diversas forças de esquerda, tanto moderadas como radicalizadas. Mas houve também uma presença da direita, que saiu às ruas (algo raro até então) e que se radicalizou progressivamente. Crescia um certo espírito antipolítico e as forças em jogo à esquerda e à direita também competiam.

Essa luta terminou vitoriosa e abriu as portas para uma nova situação no país. Por um lado, os anos de 2014 e 2016 testemunharam importantes processos de luta, como as manifestações contra a Copa do Mundo (2014), as ocupações de escolas secundárias e universidades (2015-2016), bem como inúmeras greves e mobilizações. Mas, por outro lado, este foi um período fundamental de estímulo para a direita: o processo golpista contra a presidente Dilma Rousseff avançou e se materializou; A Operação Lava Jato, através de um processo de lawfare, estimulou esse sentimento antipolítico numa direção anti-PT e anti-esquerda; Uma política nacional mais aberta e agressivamente neoliberal foi promovida pelo governo de Michel Temer.

No contexto deste confronto, a direita deslocou-se maioritariamente para a extrema-direita, num processo de radicalização fascista que culminou com a eleição de Bolsonaro em 2018. Por seu lado, a esquerda viu os seus projetos mais radicalizados enfraquecidos e, hegemonicamente, , respondeu movendo-se em direção ao centro, (re)agrupando-se em torno do petismo e propondo caminhos para o diálogo com o centro e a centro-direita.

Durante os anos do governo Bolsonaro (2019-2022), passamos pela pandemia da COVID-19 com um governo negacionista, que se recusou a comprar vacinas e acabou sendo responsável por parte considerável das 700 mil mortes que tivemos no Brasil. Além disso, em termos económicos, este governo fez grandes progressos na liberalização de projectos, o que provocou um aumento da pobreza e um agravamento das condições de vida dos trabalhadores. Em termos políticos, tem incentivado o fortalecimento da presença dos militares na política e tem avançado projetos autoritários, flertando com golpes de Estado e medidas emergenciais. Em termos ideológicos e morais, com ampla ajuda das igrejas evangélicas (principalmente neopentecostais), tem contribuído para normalizar os absurdos neofascistas na sociedade brasileira.

A vitória muito próxima de Lula em 2022, fruto de uma frente ampla que uniu da esquerda à direita moderada, não mudou muito esse panorama. Atualmente, o governo Lula tenta, sem sucesso, retornar às fórmulas conciliatórias do início dos anos 2000. É constantemente encurralado pela extrema direita e pela direita tradicional ("centrão"), que é muito forte no legislativo nacional. Em termos sociais, a grande disputa atualmente é entre o bolsonarismo (extrema direita) e o petismo (centro-esquerda, cada vez mais no centro). Não há perspectivas de mudanças significativas em termos económicos, políticos ou culturais.

O que você aprendeu com tudo isso?

Nos últimos 10 anos, falando mais especificamente sobre o anarquismo brasileiro, houve momentos de fluxo e refluxo. Tivemos alguma influência nestes processos de luta (dependendo da região, maior ou menor), mas não conseguimos ser decisivos a nível nacional. Muito menos têm um impacto mais significativo na situação brasileira. Podemos apontar algumas lições que aprendemos nesse período.

Em primeiro lugar, ficou claro que o descontentamento e a mobilização popular não se movem necessariamente para a esquerda, e muito menos num sentido revolucionário e libertário. Ou seja, como também nos ensina a história, nos processos de radicalização da luta, todas as forças estão em disputa, inclusive a extrema direita. Mais uma vez fica claro que não há possibilidade de apostar na espontaneidade. As massas não sairão às ruas e construirão automaticamente projetos de esquerda, revolucionários ou libertários, mesmo que sejam incentivadas a fazê-lo por grupos com estas posições.

Em segundo lugar, a esquerda radical e revolucionária (aqui entendendo o anarquismo como parte dela) precisa de ter condições reais não só para estimular as mobilizações e revoltas populares, mas para lhes dar uma direcção precisa. Essas lutas precisam ser construídas diariamente e a produção de uma cultura política libertária parece ser fundamental para isso. No que diz respeito ao anarquismo, o que tem acontecido no Brasil também reforça nossa opinião de que para esta construção e direcionamento no sentido libertário, e para os movimentos e mobilizações que surgem constantemente apontando para um projeto socialista e libertário de transformação, não há forma de renunciar à organização política.

Para nós, isso significa um partido/organização anarquista unitário e coerente, com capacidade de influenciar efetivamente a realidade e de disputar concretamente os rumos de lutas, mobilizações e situações deste tipo. Uma organização política anarquista que seja capaz de perdurar ao longo do tempo, registar e discutir as suas conquistas e incorporá-las numa prática política coerente e influente. Acreditamos que é esta organização que poderá dar as respostas necessárias, não só a este tipo de situações, mas também para avançar no sentido de transformações estruturais da sociedade. É o partido/organização anarquista - na medida em que tenha uma presença influente nos sectores mais dinâmicos das classes oprimidas, bem como um programa e uma linha estratégico-táctica adequados - que tem condições para estimular e contribuir para a construção de um projeto de poder popular autogerido.

Em terceiro lugar, tornaram-se claros os riscos de a esquerda brasileira permanecer restrita aos limites do PTismo. Durante décadas, o PT teve ampla hegemonia na esquerda do nosso país, tanto política como socialmente. Quando olhamos para a trajetória histórica do partido, vemos um movimento progressivo em direção à burocratização, longe das bases e em direção ao centro. O PT surgiu em 1980 com uma posição de esquerda, ligada sobretudo à social-democracia clássica, embora tivesse sectores mais radicalizados e uma considerável base de massas populares (sindicatos, movimentos sociais, etc.). O que ocorreu ao longo das décadas de 1980 e 1990, e se acentuou nos anos 2000, foi uma cisão nos setores mais à esquerda e um movimento crescente em direção ao centro. Este processo implicou não só o distanciamento das bases, mas um esforço activo para minar as antigas e novas iniciativas de articulação e mobilização destas bases em favor de um projecto de poder burocrático e centralizado.

Em quarto lugar, a necessidade de trabalhar na construção de uma nova esquerda radical, à esquerda do PTismo, e, como parte dela, disputar o seu rumo num sentido libertário. O ano de 2013 mostrou uma insatisfação generalizada da população com a situação do Brasil. Note-se que foi a extrema direita que deu uma resposta "anti-sistema", "contra tudo o que existe" (frase frequentemente pronunciada por Bolsonaro), mobilizando a noção fascista de "revolução sob demanda". Na nossa opinião, havia (e continua a haver) espaço para uma esquerda radical responder a este descontentamento generalizado. E não nos parece razoável combater a extrema direita neofascista com moderação e conciliação de classes.

Quinto, neste processo temos visto progressos no debate sobre raça, etnia, género e sexualidade, e consideramos isso muito positivo. No entanto, também observamos que, junto com esse processo, houve um enorme crescimento da influência pós-moderna e identitária no Brasil, tanto à direita quanto à esquerda, algo que consideramos profundamente problemático.

Na esquerda (e mesmo no anarquismo), este identitarismo pós-moderno - altamente influenciado pelo liberalismo nos EUA e na Europa - promoveu o individualismo, a fragmentação e a dispersão das lutas (cada pessoa/sector luta apenas pela "sua" causa); Prejudicou os debates colectivos e desconectou as importantes agendas mencionadas (género, sexualidade, raça, etnia, etc.) de uma base de classe e de uma perspectiva de luta de classes e revolucionária. Isto levou à confusão sobre quem são aliados, potenciais aliados, adversários e inimigos; tratar aqueles que são diferentes como inimigos; e tratar a diferença de maneira autoritária.

Sejamos claros quanto à nossa posição neste quinto ponto. Nacionalidade, género, sexualidade, raça e etnia são questões muito importantes. O que criticamos é a influência pós-moderna e liberal no seu tratamento, que consideramos necessário combater reforçando uma perspectiva socialista, libertária, classista, internacionalista e revolucionária. Além disso, a realidade não pode ser compreendida de forma completamente subjetiva (como a noção de que não existe realidade material e objetiva, mas apenas diferentes pontos de vista, experiências e narrativas). E as identidades não podem ser separadas da realidade material (estrutural, conjuntural, etc.) em que são produzidas.

Na Europa, é marcante a ascensão das igrejas evangélicas no Brasil, o que silencia as classes populares e as arrasta para posições profundamente reacionárias. Como uma organização revolucionária enfrenta esta situação?

Pesquisa recente mostrou que 17 igrejas evangélicas são abertas todos os dias no Brasil. Já existem mais igrejas no país do que hospitais e escolas juntos. Essas igrejas vêm ocupando espaços em áreas onde o Estado só chega com a repressão, e também espaços que, décadas atrás, contavam com a presença da esquerda e de movimentos populares. Hoje, qualquer força política que atue nas periferias das grandes cidades tem que lidar com as igrejas evangélicas, como é o caso do nosso ativismo comunitário.

As expressões de esquerda dos evangélicos, como a teologia da missão integral - que desempenha um papel semelhante à teologia da libertação entre os católicos - foram grandemente enfraquecidas. Posições moralmente conservadoras e economicamente liberais são cada vez mais comuns entre este público.

Em questões morais e éticas, os evangélicos tendem a ser conservadores ou mesmo reacionários, por exemplo, opondo-se fortemente ao direito ao aborto. Em matéria económica, dado o chamado neopentecostalismo evangélico, ligado à chamada "teologia da prosperidade" (o sector que mais cresce entre os evangélicos), há uma forte doutrinação neoliberal. Isso porque existem valores que têm sido propagados por essas igrejas que reforçam essa visão de mundo, como, por exemplo, o incentivo ao enriquecimento de vida e a defesa do empreendedorismo individual como caminho para a salvação.

Contudo, estas posições não são completamente hegemónicas. Ainda existem sectores que apoiam políticas de assistência social e agendas económicas mais ligadas à social-democracia; Por exemplo, votaram em Lula nas últimas eleições. Porém, com o fortalecimento da extrema direita no Brasil, as igrejas evangélicas têm se deslocado progressivamente para a direita e têm constituído, embora sem grande homogeneidade, um importante pilar de apoio a Bolsonaro. O governo petista acreditava que seria possível atrair este setor oferecendo benefícios e apoio político, mas tem ficado cada vez mais claro que esta não é uma solução possível. Mais cedo ou mais tarde, a maior parte deste sector terá de ser tratada com severidade.

Obviamente, entre os bispos e pastores das grandes igrejas evangélicas há inúmeros "comerciantes da fé" que aproveitam este crescimento para explorar os fiéis, enriquecer-se pessoalmente e expandir o seu poder económico e político. O que também chama a atenção nesse crescimento dos evangélicos é o papel que as igrejas vêm desempenhando, principalmente nas áreas urbanas periféricas: respondendo a certas necessidades que o capitalismo contemporâneo tem produzido e que giram em torno do trabalho, da hospitalidade, da sociabilidade, da superação das dificuldades cotidianas, etc. Por exemplo, quando esses evangélicos explicam por que vão à igreja, falam de questões como: conseguir um emprego, ter acesso a pessoas que vão ouvi-los, fazer amigos, ter espaços de lazer (educação, esportes, etc.) para a vida. família, construindo esperança num amanhã melhor, fortalecendo redes de apoio mútuo (escuta, empréstimo de dinheiro, toxicodependência, etc.), estabelecendo padrões de vida (bebida, trabalho, crime, etc.).

Um social-democrata poderia dizer que estas são funções que o Estado deveria desempenhar, e na medida em que o Estado só acessa essas regiões para reprimir, as igrejas evangélicas têm ocupado esse espaço. Mas olhando para a história e a sociedade brasileira, há outra resposta possível. Houve diferentes momentos da nossa história em que os movimentos populares responderam a estas necessidades, como é o caso do sindicalismo revolucionário no início do século XX ou das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), ligadas à teologia da libertação, na década de 1970 e Década de 1980. Neste último caso, é interessante observar que a já mencionada burocratização do PT fez com que os espaços abandonados nas periferias fossem ocupados por igrejas evangélicas e outras instituições.

Observe como essas mesmas necessidades podem ter respostas contraditórias. Hoje, um obreiro que vai a uma igreja evangélica para aliviar seu sofrimento diário e nutrir esperança de melhoria será encorajado a pensar que em breve poderá enriquecer como o crente ao seu lado. No início do século, um trabalhador que procurasse iniciativas sindicais revolucionárias para o fazer seria encorajado a construir esta subjetividade em torno da possibilidade de uma revolução social e do socialismo. Isto se aplica a todos os problemas.

Dizemos isto porque nos parece essencial compreender porque é que estas igrejas crescem e encontrar alternativas capazes de responder a estas necessidades, mas com conteúdos profundamente diferentes. Ou seja, precisamos ter a capacidade de construir uma cultura política de classe, através dos movimentos populares, que reconstrua o tecido social destas periferias através da solidariedade, e que dê a este processo um conteúdo classista e transformador. Este deve ser um aspecto central de um projeto de poder popular. Esta questão não será resolvida simplesmente criticando as igrejas evangélicas, porque é essencial responder às necessidades do capitalismo contemporâneo. Este é um dos grandes desafios do nosso projeto comunitário para as periferias urbanas.

Você pode nos dar uma visão histórica e contemporânea do sindicalismo no Brasil? O movimento é controlado por correntes pós-stalinistas e trotskistas?

Para compreender o movimento sindical brasileiro, é importante rever as origens do sindicalismo no Brasil, que começou no início do século XX. Naquela época, os anarquistas desempenharam um papel de destaque através do sindicalismo revolucionário, que garantiu a independência de classe e a autonomia organizacional dos trabalhadores.

Ao longo da década de 1930, no governo de Getúlio Vargas, houve um processo de vinculação dos sindicatos ao Estado. Em resumo, o que aconteceu foi o seguinte. Por um lado, após forte pressão, o governo cedeu a certas reivindicações históricas da classe trabalhadora brasileira em relação aos direitos trabalhistas (entre outras: salário mínimo, jornada de oito horas, férias remuneradas, descanso semanal). Mas declarou publicamente que se tratava de uma iniciativa do próprio governo. Por outro lado, implementou uma estrutura sindical (unidade sindical, taxa sindical obrigatória e investidura), que converteu os sindicatos em organizações estatais que poderiam ser controladas pelo Estado. Em outras palavras, o governo Vargas limitou enormemente as possibilidades sindicais.

Outros factores - como a linha estalinista internacional do Partido Comunista, que promoveu um sindicalismo reformista baseado na conciliação de classes - contribuíram para estabelecer no país um consenso de que o sindicato, em termos organizativos, era uma estrutura ligada ao Estado e apenas servia abordar agendas econômicas, por meio de negociações que visem a conciliação entre capital e trabalho. Essa estrutura sindical, herdada da década de 1930, continua a orientar em grande parte a forma como os sindicatos são organizados até hoje no Brasil.

Atualmente, em termos gerais, existem dois grandes setores do movimento operário no país. Uma que defende que o sindicato está ligado ao Estado e que a sua função é conciliar (muitas vezes até defender) as reivindicações dos empregadores e dos trabalhadores. E outra, que defende a independência de classe e que o sindicato é um instrumento dos trabalhadores para expor e promover o conflito de classes. Obviamente, dentro destes dois grandes setores existem posições diferentes, que vão desde as centrais sindicais que defendem as políticas neoliberais até aquelas que defendem a revolução socialista.

Para compreender as principais correntes do movimento sindical atual é fundamental compreender a questão da unidade sindical, instaurada na década de 1930. A unidade sindical estabelece que cada categoria tem (e pode ter) um único sindicato, autorizado pelo Estado a representar os trabalhadores daquela categoria. Não é como em Espanha, onde qualquer trabalhador pode escolher o sindicato ou a central sindical que o representa. No Brasil, os trabalhadores são obrigados a filiar-se ao único sindicato autorizado a representar sua categoria. Isso gera uma disputa, sindicato por sindicato e em cada categoria, e só então as lideranças eleitas aprovam a qual central sindical o sindicato se filiará.

Para dar um exemplo prático, um professor de escola pública não pode optar por aderir à CSP-Conlutas (que defende a independência de classe), assim como um professor de espanhol pode optar por aderir à CGT ou à Solidaridad Obrera. No Brasil - se você for de São Paulo, por exemplo - você só pode filiar-se à APEOESP, que é o sindicato dos professores do estado de São Paulo. A partir daí, esse professor pode disputar o dia a dia do sindicato para que assuma determinados cargos e se filie a uma central sindical. No caso da APEOESP, maior sindicato da América Latina, é filiado à Central Única dos Trabalhadores (CUT), dirigida majoritariamente por uma corrente interna do PT.

Isto deixa aos sindicalistas brasileiros apenas duas opções. Uma delas é participar de sindicatos únicos e investir em disputas internas. A outra é investir na criação de uma estrutura sindical paralela. Houve e há algumas iniciativas nesta segunda direcção, mas estão a revelar-se profundamente limitadas em termos do número de trabalhadores envolvidos e, acima de tudo, da sua capacidade de fazer exigências no local de trabalho. Na nossa análise, a opção de criar um sindicato paralelo, pelo menos neste momento histórico, distanciar-nos-ia da base real dos trabalhadores e reuniria apenas algumas dezenas de trabalhadores com critérios demasiado ideológicos, na medida em que os sindicatos não têm capacidade para enfrentar a realidade concreta dos trabalhadores comuns.

Por exemplo, neste contexto de fluxo e refluxo do movimento sindical, é improvável que um trabalhador clandestino se junte a um sindicato paralelo que seja incapaz de negociar salários, condições de trabalho, etc. e que não dá apoio político e jurídico contra o despedimento. Isto é ainda pior quando falamos de trabalhadores precários, cuja menor estabilidade faz com que, mesmo que queiram, tenham enormes dificuldades em aderir a um sindicato paralelo. Por exemplo, um trabalhador de limpeza subcontratado, após uma longa jornada de trabalho, muitas vezes marcada pela repressão patronal, se se ausentar do trabalho por atividade deste sindicato paralelo, poderá perder sua cesta básica ou uma jornada de trabalho, ser transferido para lugares mais insalubres ou até mesmo ser demitido.

Hoje, o campo que defende a independência de classe (trotskistas, alguns setores anarquistas, marxistas autonomistas, etc.) é muito minoritário. As maiores centrais sindicais brasileiras são a CUT - de linha social-democrata/social-liberal e liderada principalmente pelo PT - e a Força Sindical - controlada por setores da direita e pela burocracia sindical patronal. As centrais intermediárias são a União Geral dos Trabalhadores (UGT) - que defende as políticas neoliberais - e a Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB) - controlada principalmente pelo Partido Comunista do Brasil (PcdoB), uma cisão do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e que segue a linha do PC albanês. Existem também outras organizações menores. Entre elas, a única central sindical que defende a independência de classe, e que é liderada principalmente por trotskistas, é a Central Sindical e Popular Conlutas (CSP-Conlutas). Outra organização neste sentido, que não é uma organização central e tem muito menos sindicatos/membros, é a "Rede" Intersindical (Instrumento de Luta...).

Em geral, os pós-stalinistas têm pouca participação no movimento sindical brasileiro. Pela sua flexibilidade ética e estratégica, tendem a se aproximar das categorias de forma mais pragmática, muitas vezes ingressando na CUT, mas quase sem força social capaz de influenciar as políticas da sede e muito menos de todo o CUT. Movimento sindical brasileiro.

O que você acha do anarcossindicalismo e/ou sindicalismo revolucionário? Poderia uma corrente autônoma estar abrindo caminho para o sindicalismo?

Neste quadro sindical complexo, a nossa aposta, tentando adaptar elementos do sindicalismo revolucionário, tem sido construir as lutas nestes sindicatos existentes e lutar dentro deles. Em todos os sindicatos em que estivemos, tentámos convencer os trabalhadores de que o modelo de sindicalismo baseado na independência e no conflito de classes é o que leva a vitórias concretas e o que nos permite acumular a força social para romper com o sindicalismo estatal e promover transformações mais profundas.

Entendemos que é preciso criar uma estrutura real, com uma base forte que possa responder à situação, apoiar os trabalhadores filiados contra os patrões e disputar a hegemonia com os centros e tendências que defendem a burocracia sindical. É claro que isso não depende apenas da nossa vontade, não acontece da noite para o dia e só é possível com um planejamento estratégico de médio e longo prazo, que consiga estabelecer passo a passo as tarefas necessárias.

Quando examinamos a história do anarquismo, do anarcossindicalismo e do sindicalismo revolucionário, encontramos muitas referências ao que estamos fazendo. Sabemos que, dependendo do país e da região, a distinção entre anarco-sindicalismo e sindicalismo revolucionário muda muito e é objecto de controvérsia.

Para nós, em termos de estratégia de massas, quando damos preferência ao sindicalismo revolucionário em detrimento do anarco-sindicalismo é porque, por exemplo, entendemos que o modelo sindicalista revolucionário da Confederação Operária Brasileira (COB), fundada em 1908 - baseado em a proposta de um sindicalismo que englobasse todos os trabalhadores dispostos a lutar, sem vínculo explícito e programático a uma ideologia ou doutrina - é mais interessante que o modelo anarco-sindicalista da Federação Regional Operária Argentina (FORA), de 1905 - baseado em a proposta de um sindicalismo ligado ideológica e programaticamente ao anarquismo. Para nós, o anarquismo deve estar dentro do movimento sindical e não o contrário.

O sindicalismo revolucionário que defendemos fica claro com a linha de massas que explicamos anteriormente. Não queremos sindicatos ou movimentos anarquistas, mas sim sindicatos de trabalhadores que possam ter uma referência influente no anarquismo, baseados em certas práticas que sejam capazes de apontar para a transformação social nos moldes que apoiamos. Contudo, sabemos que há um longo caminho a percorrer até que esta estratégia tenha condições concretas para ser implementada em larga escala no Brasil. Mas na medida em que acreditamos que os meios devem ser coerentes com os fins, e conduzir a eles, já procuramos construir esta perspectiva estratégica nos sindicatos onde estamos presentes.

Você pode nos contar um pouco sobre a situação do campo no Brasil?

Antes de mais nada, é importante mencionar a importância que a questão da concentração fundiária tem na formação social do Brasil, tanto no campo quanto na cidade. Atualmente, o Brasil possui 453 milhões de hectares sob uso privado, o que corresponde a 53% do território nacional. Desde o período colonial, as classes dominantes do país têm tentado criar condições para manter a propriedade privada nesta concentração de terras.

Em 1850, quando o movimento abolicionista ganhava força e antes da Lei de Abolição da Escravatura, foi instituída a Lei de Terras para regular a propriedade privada no país. Entre outras coisas, isso impediu a população negra de possuir terras para viver e trabalhar e contribuiu para a exclusão social desta população. Ou seja, parte das desigualdades sociais, das relações de dominação e do racismo estrutural no Brasil estão relacionadas ao processo histórico de concentração fundiária no país.

Por isso, historicamente ocorreram vários processos de revolta e mobilização no campo brasileiro, assim como existem hoje diferentes movimentos rurais, desde os mais organizados em nível nacional até grupos locais menores. Ao longo da história do país, a população rural foi sistematicamente expulsa para as grandes cidades devido à concentração de terras, à grilagem de terras, à violência e à falta de políticas que garantam que os pequenos agricultores e trabalhadores rurais possam continuar a viver ali. Isso levou a uma concentração crescente da população nas grandes cidades.

Em grande medida, este contexto histórico também explica porque o Brasil continua a ser um país agrário que exporta grãos, carnes, minerais e outros produtos primários. O Brasil tem 45% de sua área produtiva concentrada em propriedades com mais de mil hectares, apenas 0,9% de todas as propriedades rurais. E grande parte da produção brasileira de commodities agrícolas está ligada a conglomerados com estrutura verticalizada, que controlam todo o processo, do plantio à comercialização. São empresas que exploram o mercado fundiário tanto para a produção de commodities quanto para especulação financeira. Apesar disso, mais de 70% dos alimentos consumidos pela população brasileira são produzidos pela agricultura familiar e pequenos agricultores, mas ocupam a menor quantidade de terras agricultáveis do país.

Este modelo aprofundou-se e avançou sob governos neoliberais e de extrema direita, como Temer e Bolsonaro, mas também continuou sob Lula e Dilma. O lobby do agronegócio no Brasil é institucionalizado e forte; Atua no Congresso por meio da Frente Parlamentar Agropecuária (FPA, formalizada com esta denominação em 2008). Mais recentemente, os ruralistas se organizaram no movimento Invasão Zero, uma espécie de iniciativa paramilitar que conta com o apoio dos setores de segurança pública, reprimindo ocupações de terras e retomando territórios de comunidades indígenas, principalmente nos estados do Pará e da Bahia. Os conflitos e assassinatos no campo e na selva continuam sob o governo Lula, especialmente nas áreas avançadas da fronteira agrícola, no norte e nordeste do país.

Em 2021, o governo Bolsonaro criou o programa Titula Brasil, com o objetivo de privatizar assentamentos e acabar com as políticas de Reforma Agrária. E também promover o desmantelamento do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), estimular o aumento da violência no campo e a destruição do meio ambiente. Embora abranja todo o país, o Titula Brasil foi desenhado especificamente com o objetivo de acelerar o processo de regularização fundiária na Amazônia Legal, foco principal da política fundiária expansiva defendida por Bolsonaro.

Além de estimular o avanço da fronteira agrícola, especialmente no Norte e Nordeste, essa política também atendeu aos interesses do setor pecuário industrial, parte da base de Bolsonaro e setor mais atrasado do agronegócio. Há também o sector do agronegócio de grandes explorações mecanizadas e técnicas, de monoculturas de cereais vendidas como mercadorias agrícolas para serem convertidas em ração animal em países como a China.

Por outro lado, o Plano Safra 2023 do governo Lula (programa de incentivo ao setor agrícola) destinou apenas 20% do orçamento total à agricultura familiar, enquanto a maior parte dos recursos federais continua a financiar o agronegócio e os proprietários de terras, que continuam a financiar. gozar de isenções fiscais. A liberação de agroquímicos, muitos deles proibidos na Europa, também continua no governo Lula. O total de registros de agrotóxicos em 2023 foi de 555, inferior ao total registrado em 2022 (652) e 2021 (562), mas ainda no mesmo patamar dos governos Temer e Bolsonaro.

Qual é a situação do movimento camponês sem terra atualmente?

Antes de mais nada, é importante caracterizar dois dos maiores movimentos rurais do Brasil, o Movimento dos Sem Terra (MST) e o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA). Pelo seu tamanho acabam dominando essa questão no país, por isso hoje não conseguimos entender o movimento camponês sem falar deles.

O MST foi fundado em 1984 e o MPA em 1996. Ambos compõem o chamado "projeto democrático popular", segundo a terminologia das décadas de 1980 e 1990. Este projeto hoje dirige principalmente outras grandes organizações, como a Central Única dos Trabalhadores (CUT), no setor sindical, e a União Nacional dos Estudantes (UNE), no setor estudantil. E o PT é o seu grande representante político e institucional. Ou seja, é um campo que faz parte diretamente do PTismo ou tem muita influência nele.

É importante lembrar que o MST e o MPA também são membros da Coordenadoria Latino-Americana de Organizações Rurais (CLOC) e da Via Campesina, juntamente com o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), o Movimento de Mulheres Camponesas (MMC) , Movimento de Pescadores e Pescadoras (MPP), Pastoral da Juventude Rural (PJR), Coordenação Nacional das Comunidades Quilombolas (CONAQ), Movimento pela Soberania Popular Mineira (MAM), Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil (FEAB), Comissão Pastoral do Terra (CPT), Associação dos Estudantes de Engenharia Florestal (ABEEF) e Conselho Indigenista Missionário (CIMI).

O principal programa do MST é a Reforma Agrária Popular, baseada na brutal concentração de terras no Brasil. Nesse sentido, desenvolveu um programa que aborda tanto questões agrárias (democratização do acesso à terra para quem nela vive e trabalha) quanto questões agrícolas (condições, técnicas e formas de produzir em matriz agroecológica). Atualmente, isso envolve diversos temas e agendas como gênero, educação rural, saúde, questões LGBT, formação, produção, comercialização, habitação e cultura, entre outros.

O MPA surgiu na década de 90 porque percebeu que o sindicalismo rural era insuficiente para satisfazer as demandas de sobrevivência dos pequenos agricultores da época. Defende e apoia a reforma agrária, mas organiza famílias camponesas e pequenos agricultores que já possuem terras próprias. E o fazem entendendo que são necessárias políticas que garantam a permanência dessas famílias no campo e que as pessoas não precisem abandonar suas terras para tentar sobreviver nas grandes cidades. Ou seja, políticas habitacionais, apoio à produção, crédito, comercialização, cultura, lazer, saúde, infraestrutura e educação rural, entre outras. O Plano Camponês é o programa que sistematiza as principais propostas do movimento para essas questões.

Falando da luta atual nesse setor, no início do atual governo Lula houve ocupações em mais de 10 cidades, lideradas por outro movimento, a Frente Nacional de Luta do Campo e da Cidade (FLN) no Sudeste e Sul do país. A FLN foi fundada em 2014 e uma de suas principais figuras é o ex-militante do MST, Zé Rainha. Nesse período, o MST também ocupou temporariamente o Incra, no sul da Bahia. Apesar deste início de ano, lembremos que os movimentos ligados à Via Campesina e ao campo democrático popular optaram por uma linha de retrocesso desde o primeiro governo do PT (2003 em diante), e não apontam para nenhuma mudança significativa, especialmente no novo governo Lula.

Por exemplo, durante o primeiro governo petista (2003-2006), o MST adotou a linha de não continuar com as ocupações de terras, mas de qualificar os assentamentos já existentes. Apoiou a liberação de políticas de crédito e desenvolvimento para a produção que ajudariam a estruturar cooperativas de transformação e comercialização nos estados, como cooperativas de crédito, laticínios, arroz e derivados de leite. Embora, por um lado, a organização dos instrumentos econômicos seja importante como forma de agregar valor à produção e gerar renda às famílias assentadas, formar metodologias de trabalho cooperativo e coletivo, desenvolver conhecimento e tecnologia e organizar o território, por outro Por outro lado, pode gerar muita dependência de políticas públicas, créditos e programas governamentais. Isto contribui para uma linha de pensamento que procura negociar primeiro e evitar pressionar o governo e que, ao longo do tempo, constrói uma cultura política de adaptação ao sistema em detrimento de uma política combativa.

A verdade é que pouco mudou na reforma agrária e na política da agricultura familiar nos primeiros governos de Lula e Dilma (2003-2016). E ficou ainda pior nos governos Temer e Bolsonaro. Apesar disso, os movimentos do campo democrático popular têm-se limitado a manifestações ocasionais e ocupações efémeras de natureza mais política. Ou porque perderam a capacidade de mobilização das suas bases, ou porque preferiram deixar o governo de Bolsonaro desgastar-se, apostando numa mudança da situação através de eleições em vez de através da pressão social das lutas e das ruas.

Enquanto isso, o MST e o MPA avançaram em diferentes formas de diálogo e propaganda com a sociedade. Isto inclui agendas de gênero e LGBT, campanhas de doação de alimentos para comunidades e favelas (especialmente durante a pandemia). E além: capacitação de agentes populares de saúde, feiras estaduais e nacionais de reforma agrária, produção de arroz orgânico. Exemplos disso são espaços como Armazéns do Campo (MST) e Raízes do Brasil (MPA) nas grandes capitais, onde se comercializa a produção agroindustrializada das cooperativas e se realizam atividades políticas e culturais. Foram avanços, embora grande parte desse diálogo tenha sido mantido principalmente com as classes médias urbanas. Algo que acabou dando ao movimento uma face mais atraente e saudável, e apagando a antiga imagem dos camponeses com suas foices em grandes marchas e ocupações.

Nas eleições presidenciais de 2022, o MST e outros movimentos, como os indígenas, também apoiaram os seus próprios candidatos a deputados estaduais. Outros, como os petroleiros, apoiaram candidatos de sectores vizinhos. Isto foi feito na tentativa de fazer avançar determinadas políticas e agendas a nível institucional, mas acabou por contribuir ainda mais para o distanciamento destes movimentos das políticas de ação direta. Ao mesmo tempo que exige parte importante das energias dos movimentos, também está relacionada ao fato de que, mesmo com governo petista e do mesmo campo político, a agenda da reforma agrária permanece sem avanços. Assim como não houve avanços significativos na reforma agrária e nas políticas de agricultura familiar nos primeiros governos de Lula e Dilma. Atualmente existem cerca de 90 mil famílias ainda acampadas no Brasil, aguardando avanços na reforma agrária.

Nossa perspectiva é que, dada a estagnação na resposta do governo às questões rurais, as ocupações de terras e as mobilizações de massa em diferentes níveis serão retomadas. Porque, assim como o governo Lula cede cada vez mais ao chamado "centrão" (a direita tradicional do Congresso), a extrema direita de Bolsonaro também continua a se mobilizar. Entretanto, vários direitos sociais estão ameaçados ou necessitam urgentemente de avançar. E isto só pode ser conseguido com pressão popular.

Os processos de mobilização para pressionar o governo por agendas sociais, bem como os processos de ocupação de órgãos públicos e ocupação de terras e moradias, também são táticas importantes pelo seu caráter formativo e porque ajudam a renovar a militância. A retirada é prejudicial aos movimentos sociais porque leva a uma desmobilização crescente das suas bases e a uma capacidade reduzida de produção de força social. Consequentemente, têm menos influência na sociedade e menos referência no campo da esquerda, como fizeram significativamente o MST e outros movimentos até o final da década de 1990.

Embat Organització Llibertària da Catalunha.

https://www.regeneracionlibertaria.org/2024/10/15/entrevista-a-o-s-l-cultura-historia-y-luchas-brasilenas-segunda-parte/
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