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(pt) Italy, Umanita Nova #7-25 - Uma tela que somos nós - A recuperação do Cinema Cielo por Danio Manfredini (ca, de, en, it, tr)[traduccion automatica]
Date
Wed, 21 May 2025 09:38:34 +0300
É preciso fazer um balanço de algo que não acontece com muita frequência
na vida de um simples apaixonado por teatro como eu, quando se vê
sentado nas poltronas dos teatros italianos há cerca de meio século, se
não me falha a memória: estou falando de voltar a assistir, pela
terceira vez, a um espetáculo de um importante ator e autor italiano, a
retomada de uma peça da história do nosso teatro contemporâneo, o Cinema
Cielo, de e com Danio Manfredini. Um espetáculo que ganhou o prêmio Ubu
lá em 2004, que vi pela primeira vez depois de sua pré-estreia no
festival de Santarcangelo em 2003, quando foi apresentado naquela
temporada de teatro no então Elfo de Milão, hoje Teatro Menotti.
A impressão na hora foi devastadora, e não só para mim: lembro-me muito
bem das dezenas de minutos de aplausos estrondosos dos espectadores que,
na maior parte do tempo - inclusive eu -, tinham lágrimas nos olhos, com
Danio e os outros três atores obrigados a voltar ao palco não sei
quantas vezes, mas a ovação durou pelo menos três quartos de hora,
porque ninguém decidiu sair, parar de aplaudir. O espetáculo,
obviamente, não permaneceu exatamente o mesmo de então, nem seu impacto
permaneceu o mesmo de vinte anos atrás, porque os tempos mudaram, houve
carreiras diferentes e aventuras diferentes para os quatro
protagonistas, mas, no final das contas, perdeu muito pouco de sua
profundidade poética, de atuação, sonora e de escrita, mesmo para um
espectador que viveu todos os anos que se passaram durante sua mutação,
como eu. Falei de um nível sonoro, porque, além do nível visual e de
atuação, neste espetáculo não se pode colocar em segundo plano a trilha
sonora, retirada diretamente do espetáculo original de Sant'Arcanjo, que
não sofreu nenhuma alteração, nem mesmo na minha visão de alguns dias
atrás em Sarzana, na turnê que está em andamento, que também a trará de
volta à sala onde a vi pela primeira vez.
No Cinema Cielo o espectador encontra no palco a sala do histórico
cinema de Milão de mesmo nome, antigamente localizado na Viale Premuda:
ele se encontra diante das poltronas, algumas ocupadas por manequins,
atravessadas por vários personagens que vivem sua existência extrema em
busca do prazer sexual, de um refúgio da vida externa, de uma ilusão de
amor, enquanto um filme passa na tela que, no entanto, também somos nós,
sentados ali na plateia observando-os, como voyeurs observados pelos
personagens que olham para nós; um microcosmo alucinatório, mas
desesperadamente poético. Além de ver, podemos ouvir o som de várias
vozes em off que pertencem a esta história, além da trilha sonora de um
filme imaginário que os personagens estão assistindo e que segue o
enredo de Notre Dame de Fleurs de Jean Genet, texto do qual Danio alguns
anos depois do Cinema Cielo também extraiu uma bela leitura animada pela
visão de seus desenhos; entre outras coisas, este espetáculo agora
termina com a visão de um desenho de Danio que aparece na cortina no
final, onde você vê a foto do verdadeiro Cinema Cielo no início. Há, no
entanto, uma diferença entre as aventuras de Divine no romance de Genet
e as do travesti missionário do amor, interpretado por Danio no palco,
que se move com suas asinhas sobre saltos altos.
Divino, Notre Dame de Fleurs, seus amigos continuam sua vida fora dos
padrões normais até a tragédia final e esse outro mundo é transcendido
por Genet como um exemplo de uma moral nova e sobre-humana, enquanto a
série de eventos mostrados no espetáculo de Danio não atinge essa
dimensão de exaltação, mas arrasta todos os personagens para uma espécie
de êxtase de compreensão humana que, paradoxalmente, é quase mística,
especialmente nas aventuras sexuais do travesti, narradas porém em seu
diálogo diretamente com Jesus, que também aparece (na cruz) no final: um
Jesus dos subúrbios, um Jesus dos últimos que - diz esse personagem -
não tem força suficiente para nos carregar a todos em seus braços,
portanto, não tem mais força para nos salvar.
Então, como foi a experiência de mim como espectador na terceira
exibição do espetáculo, que reencontrei com os atores, com um outro eu,
através das décadas, depois de tê-lo carregado dentro de mim com a
intensidade da memória, mas também com o olhar alterado com a mudança
dos corpos postos em cena, os reais dos atores, os dos manequins, os
evocados pelas vozes da narração de Genet, texto que o espectador-eu
também leu e amou (muito) em sua longínqua juventude?
E é aqui que o sucesso desta reprise se consuma, na distribuição de
novas emoções, talvez menos chocantes, mas igualmente poéticas,
igualmente intensas e mais maduras, acolhidas numa nova visão em que o
espectador olha para esta amostra de humanidade e é quase alegoricamente
observado por ela e pela sábia encenação de Manfredini, assim como pela
sua atuação antinaturalista e dos demais atores, difundida nas palavras,
nos gestos do andar das personagens do protagonista "angelical" e de
outras figuras que caminham peripaticamente pelos corredores do Cinema
Cielo, como numa procissão alucinatória, imersos num quadro de luz, sons
e canções que deixam a sua marca. Quando essa música cessa, os aplausos
cessam, o espectador vai para casa, na chuva, tendo guardado dentro de
si outra emoção e outra dose da poesia do teatro do Grande Danio Manfredini.
Falco Ranuli
https://umanitanova.org/uno-schermo-che-siamo-noi/
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